domingo, 17 de dezembro de 2017



APRENDIZAGENS


          Este semestre refletimos muito sobre inclusão, um assunto atual e de interesse mundial. A inclusão acontece quando aceito o outro como ele é, respeitando a sua capacidade lenta (ou nenhuma) no processo de aprendizagem. Respeitar a individualidade de cada criança é essencial para o seu desenvolvimento e autonomia.
          Ao falar do professor que ajuda o aluno necessitado, onde ele ensina e não transfere conhecimento, é respeitar a autonomia e a identidade do educando. Na citação a seguir, do livro “Pedagogia da Autonomia” de Paulo Freire, ele fala nessa questão do necessário para aprender. Educar é também respeitar as diferenças sem discriminação, pois esta é imoral, nega radicalmente a democracia e fere a dignidade do ser humano.

É preciso insistir: este saber necessário ao professor – que ensinar não é transferir conhecimento – não apenas precisa de ser apreendido por ele e pelos educandos nas suas razões de ser –ontológica, política, ética, epistemológica, pedagógica, mas também precisa de ser constantemente testemunhado, vivido. (Freire, 1996, p. 25).

                  As aprendizagens até aqui estudadas foram de grande valia num mundo tão voltado para si. Viver com o diferente não é difícil, difícil é conviver com a indiferença.






FREIRE, Paulo - Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa – São Paulo: Paz e Terra, 1996, p. 25.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Preconceito/Racismo


            A palavra preconceito é etimologicamente constituída (entende-se por etimologia o estudo do significado de uma palavra a partir dos componentes que a constituem) por duas partes diferentes: pré, que dá ideia de algo anterior, antecedente, que existe de forma primária, primeira, precedente; e conceito, aquilo que se entende ou compreende em respeito de algo, derivado do latim conseptus, que se refere à construção ideal do ser ou de objetos apreensíveis cognitivamente. A ideia do preconceito refere-se, então, a um conceito formado de forma anterior ou antecedente à constatação dos fatos, utilizando-se de características julgadas universais, sendo atribuíveis a todos que se encaixam na categoria referida, ou implícitas, naturais ao objeto que é dirigida.
            O preconceito é tão antigo quanto a humanidade, mas o racismo parece não ter mais de quinhentos anos.
            Nos anos 60, se descobriu que o Brasil não só tinha preconceito em relação aos pobres - o que em si já é terrível – como a discriminação era especialmente dirigida aos negros, pardos e índios.
            E o racismo, a discriminação e o preconceito racial são as maiores problemáticas, do negro ou mesmo de outros indivíduos, de não ter a sua igualdade racial ou social reconhecida, por uma sociedade que se considera igualitária por tudo que se pergunte.
            O racismo é, como disse Foucault, “o meio de introduzir […] um corte entre o que deve viver e o que deve morrer”. “No contínuo biológico da espécie humana, o aparecimento das raças, a distinção das raças, a hierarquia das raças, a qualificação das raças como boas e de outras, ao contrário, como inferiores, tudo isso vai ser uma maneira de fragmentar esse campo do biológico de que o poder se incumbiu; uma maneira de defasar, no interior da população, uns grupos em relação aos outros. […] o racismo faz justamente funcionar, faz atuar essa relação de tipo guerreiro − ‘se você quer viver, é preciso que o outro morra’ − de uma maneira que é inteiramente nova e que, precisamente, é compatível com o exercício do biopoder.”



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Foucault, M., Em defesa da sociedade, Martins Fontes, São Paulo, 2002, p.304-5.